sábado, 28 de outubro de 2017

Momentos Felizes


Rodolfo Pamplona Filho

Não dá para ser
feliz o tempo todo,
nem acreditar que
é para sempre
a felicidade que contagia
aquele que está curtindo...
O importante é
saber viver
os momentos felizes
ou, ainda mais,
saber extrair,
tal qual Poliana,
a alegria de cada instante,
como a água de um cactos
ou um suco de uma fruta
que já passou o tempo
de ser comida...
É preciso aproveitar
os momentos felizes...

Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Na tua pele




Manuel Alegre

Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus, alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.

Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua...

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Amor e Dor

 

Rodolfo Pamplona 

Falar de amor
muitas vezes
invoca um bordão 
ou uma rima pobre...
como se não houvesse
outra parelha para amar 
que não seja sofrer...
A saudade faz parte 
da vida de quem ama,
como o sono para a cama,
o teto para a casa
e o vento para a asa...
Amar é muito bom, 
mas também dói
Antes de amar,
preferia viver 
sem sentir dor...
Hoje acho melhor 
sentir dor 
do que não 
conhecer o amor...
As vezes acho que 
poderia simplificar tudo...
Bastava não amar...
Por que precisar 
tanto de alguém?
Não sei porque,
mas sei que 
preciso e muito...
Achava que não precisava
de nada, mas descobri 
que não sei ficar sem você...
Amar não é voluntário...
Se fosse, seria mais fácil...
E nunca se tem 
por inteiro:
sempre uma parte!
Para qualquer outra coisa,
seria muito pouco,
mas, para o amor,
cada segundo é 
uma eternidade,
seja na distância,
seja na intensidade...
Como saber o que fazer?
Não precisa saber... 
Basta sentir, amar e viver...

Boston, 29 de junho de 2016.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Certos amores



Martha Medeiros

Aquele amor poderia ter me matado
Como mata centenas de mulheres por aí
Certos amores não passam
De uma bomba a ser desativada a tempo...

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ele sabe que nunca serei ela


Rodolfo Pamplona Filho 
Eu o perdoo
por ter medo
Eu não perdoo
por ser covarde
Eu não resisto
a me entregar ao prazer
do seu corpo
só para me divertir
e me perco
na armadilha do amor

Se eu fosse ele,
eu nunca me deixaria ir...
Mas não sou...
Eu deveria parar
de lembrar que
nunca serei ela

Odeio amar você
Não consigo colocar
mais ninguém
acima de você...
Completamente sozinha,
As vezes você me mata lentamente...
Talvez o erro seja meu
Eu só queria ser feliz...

Salvador, 17 de abril de 2017.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

As faces do eu na temporalidade.



Antonio Lafayette.

As faces do eu na temporalidade.

A solidão nos atormenta silenciosamente

Na presença encontramos solidão

E a tormenta silenciosa se revela aos olhos dos (des)amparados

Revele-se e descubra a sua identidade

Ou esconda-se da sua timidez

Busca-se verdade(s) no desamparo dos desesperados ou na certeza dos letrados

Encontre-se com o alter no seu ego

O ego não suporta o super-ego

Encontre-se na perdição, pois a certeza te condenou a solidão

Mas solidão silencia sua tormenta e a tormenta alimenta sua ilusão.

Ilusão do que seremos, do que somos ou do que fomos, num jogo de superposição de tempo

Passado, presente, futuro se entrelaçam na minha visão, esclarecida ou obscurecida na minha ilusão

Aprendi que excesso de luz pode gerar escuridão

Assim como a verdade do-ente pode atormentar a sua mente.

Viver na racionalidade é um devaneio da loucura, pois nada menos humano que a falta de loucura.


domingo, 22 de outubro de 2017

Trabalho denso, tenso e intenso


Rodolfo Pamplona


Densidade
como algo cada dia
mais profundo,
em que se cai
sem saber se e quando
se alcança o fundo.

Tensão
como algo que não desliga,
pois, a cada momento,
tudo pode mudar
com um acidente, uma chamada
ou um novo elemento.

Intensidade
como algo que nunca cessa,
pois a opressão
castra a iniciativa,
limita a perspectiva
e cala a opinião.

É preciso aprender
a finalmente sobreviver
à benção convertida em maldição,
ao prêmio que virou castigo
do trabalho denso,
tenso e intenso

São Paulo, 21 de junho de 2016.