sábado, 28 de novembro de 2015

Saudades...

Saudades...

Rodolfo Pamplona Filho
Saudades...
Sinto saudades...
Saudades
de teu carinho,
de teu beijo,
de teu corpo,
de teu sexo,
de tudo que te faz só ti,
de tudo que te faz só minha,
de tudo que me faz só teu...


Praia do Forte, 30 de maio de 2013.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Tietê

Ieda Estergilda





No caldo grosso do rio
derramei lágrimas de tristeza e mágoa
pela águas urbanas, paulistanas, devastadas.



Ontem peixes e barcos, hoje leito fedido
na capital
esse rio vive além da lama
dos cadáveres encalhados
dos esgotos que desembocam nele
esse rio em que acredito
pois salvar é coisa dos homens
mesmo que tarde.

Um rio
é uma beleza, um ser
o Tietê é uma beleza ferida
uma ferida que brilha

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Testamento


Testamento
Rodolfo Pamplona Filho

Como seria bom poder controlar
os rumos da vida depois do meu passar,
em uma extensão pós-morte do querer,
como se houvesse luz após o anoitecer.

Ensinaria tudo que não deu tempo de falar...
Protegeria todos aqueles que aprendi a amar...
Apagaria os rastros dos meus erros no caminho...
Confortaria todos que ficaram sem carinho...

Pediria perdão a quem eu magoei...
Explicaria o que sentia quando chorei...
Mostraria o que é o fracasso e a glória...
Tentaria dar um sentido à minha história...

O registro autêntico da minha vontade
A declaração antecipada (e inútil) da minha saudade
A eternização da vida em um único momento
A força simbólica de meu testamento.

Salvador, 23 de maio de 2010

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tântalos

Inácio Raposo






Não pode ter de certo os olhos sempre enxutos

Quem sofre qual, no Erebo, o Tântalo maldito:

Sedento — vê debalde um córrego infinito;

Faminto — vê debalde os floridos produtos!...







Ante um castigo tal, que apiedava os brutos,

Leve talvez pareça um bárbaro delito!...

Foge sempre a torrente ao mísero precito

E, se tenta comer, escapam-se-lhe os frutos!





Há Tântalos também na vida transitória:

Querem estes a lympha e os pomos do talento,

E morrem no hospital para viver na história.





Desditosos que são... no malogrado intento!...

Longe de haverem ganho os loiros da vitória,

Encontram no sepulcro o eterno esquecimento!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Children of the Streets

Children of the Streets

They were born with no shelter,
Lived day by day!!!
They are the ones who know better
The real meaning of pain...

And when comes the night
And it’s dark the sky
They get ready to fight,
They get ready to die...

There’s no laughter in the city
When you find a child’s body
There’s no joke ‘n’ no pity
In the killer’s hours of glory

So, do you know what it means
To sleep out in the cold?
There’s no trouble that seems
Like your mind losing control.

There’s no smile in their faces
There’s no hope in their lifes
‘cause there’s no more places
Where they can live without lies...

As the sands of time grow old
And surviving turns to be a last chance
You’ll find: history has been already told
By the tears of children of the streets

(1991)
Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Flávio Maranhão

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cinzas

Heitor Lima





A última brasa ardeu na cinza adusta:
Tudo passou, tudo se fez em poeira...
E na minha alma, que o abandono assusta,
Morre a luz da esperança derradeira.



O amor mais casto, a aspiração mais justa
Têm a desilusão para fronteira...
Um momento de sonho às vezes custa
O sacrifício da existência inteira!


Chama efêmera, o amor! Baldado surto,
A glória! Ah! coração mesquinho e raso...
Ah! pensamento presumido e curto...


E o amor, que arrasta, e a glória, que fascina,
— Tudo se perderá no mesmo ocaso
E se confundirá na mesma ruína.

domingo, 22 de novembro de 2015

Soneto da Despedida do Apaixonado

Soneto da Despedida do Apaixonado

Rodolfo Pamplona Filho
Toques delicados e sorrisos leves,
sob a brisa do mar, ao anoitecer,
e os lábios sabem exatamente o que querem
quando o adeus tem que ocorrer

Preste atenção nos meus olhos:
eles brilham feito ouro
pois desejam, como poucos,
o teu amor sem decoro.

É difícil esquecer teu gosto
e ter que aceitar novos beijos
para manter nossos postos....

Meu coração está no abismo
e anuncia, a cada esquina, sem cinismo,
que a direção pode mudar..
Salvador, 29 de outubro de 2010.