sábado, 19 de setembro de 2015

DOR

Humberto de Campos




Há de ser uma estrada de amarguras 
a tua vida. E andá-la-ás sozinho, 
vendo sempre fugir o que procuras 
disse-me um dia um pálido advinho. 
  
No entanto, sempre hás de cantar venturas 
que jamais encontraste... O teu caminho, 
dirás que é cheio de alegrias puras, 
de horas boas, de beijos, de carinho... 
  
E assim tem sido... Escondo os meus lamentos: 
É meu destino suportar sorrindo 
as desventuras e os padecimentos. 
  
E no mundo hei de andar, neste desgosto, 
a mentir  ao meu íntimo, cobrindo 
os sinais destas lágrimas no rosto! 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A Fé que Falha

Rodolfo Pamplona Filho


Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que se apega 
à sua História pessoal,
como se o que se foi 
condicionasse o que quero ser...

Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé no que não se fundamenta,
nem pretende sequer saber,
em vez de ser algo 
pelo qual vale viver e morrer...




Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que impõe sua verdade 
a quem quer que seja,
ao preço de sua desvalorização,
em vez de ser convite à aceitação.

Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que se contenta
com a liturgia e a doutrina,
não cuidando da prática e do testemunho
de quem não somente sabe, mas vive...

Salvador, 23 de agosto de 2015

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Poemas aos Homens do nosso tempo

Hilda Hilst




Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.


***********

Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças 
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa. 
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu

Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cabo da Roca

Rodolfo Pamplona Filho





E, para despedir de Portugal,
Nada melhor do que sair da toca,
Conhecendo da Europa, o final,
Na ponta ocidental do Cabo da Roca.

2 de julho de 2015

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Metapoema

Elmar Carvalho




As meadas e as palavras 
são labirintos e teias. 
Nelas os poetas se elevam; 
nelas as moscas se enleiam 
e se debatem em vão. 
Os poetas são. 
As moscas, não.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sintra

Rodolfo Pamplona Filho




Nas ladeiras de Sintra, me encantei...
Buscando a beleza imemorial da Penha...
Travesseiros e Periquitas degustei...
Na certeza de que, para o prazer, não há senha...

Junho de 2015

domingo, 13 de setembro de 2015

As Horas

Da Costa e Silva





As Horas cismam no ar parado: 
            — Passado.
As Horas bailam no ar fremente: 
            — Presente.

As Horas sonham no ar obscuro: 
            — Futuro.