O caminho para o baile de máscaras era um labirinto. E não se está aqui a utilizar de metáforas. Havia os que se perdiam e nunca chegavam. Simplesmente vagavam, vagavam e vagavam pelos corredores infinitos.

A despeito disso, ou talvez por isso, não hesitou sequer uma vez quando recebeu o convite. Agora, estava perdido. Não sabia há quanto tempo. Somente tinha tal consciência, embora não soubesse nem mesmo quando ela havia surgido. Temia virar um fantasma e vagar pelos eternos corredores.

Fantasmas, é o que diziam que se tornavam aqueles que se perdiam. Vagando, vagando e vagando. Sem senso, sem sentido, esquecendo gradativamente o que era estar vivo. Esquecendo-se do que realmente importava, até que nada mais importasse e só restasse vagar.

Começava a duvidar se já não havia ele próprio se transformado num. Será que saberia? Tudo que fazia era vagar, com a máscara cada vez mais presa ao seu rosto. Sentiria quando não mais sentisse? A ideia, em si, era uma contradição.

Num dos intermináveis cruzamentos, soube que não era ainda um dos para sempre perdidos. Deu de cara com outro ser mascarado e se assustou. Não sabia de início se era alguém ou um fantasma. Mas também o alter se assustou e fantasmas, por definição, não se assustam.

Não, definitivamente não era um fantasma. Era uma mulher. Por baixo da máscara, sorriu e imaginou que ela também sorrisse. Era um alívio profundo encontrar alguém e saber-se ainda vivo.

Lentamente, aproximaram-se. Observaram-se. Tocaram-se. E, por fim, tão ritualisticamente quanto o momento pedia, retiraram a máscara um do outro e jogaram-nas fora. Aninhados um ao outro, de mãos dadas, começaram a caminhar, quem sabe até o infinito. Daquele jeito, não havia mais como se perderem. O resto, pouco importava.